Se o meu povo que se chama pelo meu nome...

 

O poder redentivo do perdão

JOÃO 21: 14-19

 

Pedro, tu me amas? Pedro se sentia o pior de todos; aquele que estava fora de qualquer possibilidade de ser utilizado pelo Senhor.Ninguém quer se sentir reprovado ou inferior, pelo contrário, todos querem ser os filhos prediletos de Deus; mas a tendência de alimentar o sentimento de inferioridade as vezes supera e sufoca toda reação que alguém tente esboçar. Em tal situação depressiva, a pessoa se deixa neutralizar por pensamentos e sentimentos de ruína e fracasso, e vai se alimentando destas coisas, ignorando o amor de Deus e seu chamado.

Quando Jesus insistiu com Pedro na pergunta, Ele estava ensinando uma grande verdade que é o único remédio capaz de vencer a depressão: o amor.

Sim o deprimido tende a focar-se em si e em suas mazelas; o centro se torna ele mesmo e assim vai se afundando. Mas quando se foca no outro, na necessidade do outro, no amor ao outro; aí a vida retoma seu sentido e abre um leque de grandes possibilidades. O poder do amor é capaz de vencer o sentimento de imprestabilidade que assola o deprimido. Isto o fará sentir-se útil e trará de volta o senso de valor humano que estava quase perdido.

Porque a insistência na pergunta: tu me amas? Porque o amor desperta o foco que estava perdido; o amor faz o ser reagir entendendo que há uma vida pela frente, um universo maravilhoso ofuscado pela dor e angustia, uma missão em prol de outros; ele também desperta o senso da necessidade alheia e faz ver que há muitos perdidos em condições piores e por isso não se pode paralisar a vida covardemente só porque erramos, pecamos, caímos, ou fizeram tais coisas contra nós. Este amor faz com que o perdão divino seja realidade e não conto de fadas e vislumbra possibilidades, até então descartadas. Possibilidades de uma vida vitoriosa a serviço de Deus e do próximo; uma vida repleta de conquistas que até então pareciam impossíveis; e assim cessa o alimento para a depressão e sem alimento ela morre.

Aliás, é o contrário disto que a depressão faz, ou seja: ao invés de alimentar a vida, ela esgota e restringe aos poucos os alimentos amor, confiança, esperança, perdão e etc, impondo ao ser uma dieta drástica, até que não lhe reste força reativa alguma.Em tal situação, a pessoa se torna seletiva, ou seja: alimenta pensamentos, sentimentos e uma visão da vida bem peculiar, claro, tendenciosas a sua própria realidade obscura.Jesus estava ensinando a Pedro através de seu perdão que aquela traição do passado, ficou no passado; que o passado passou e o que passou não deve determinar ou abortar nosso futuro.

Ele estava ensinando também que seu perdão, gera poder reativo de recomeço da vida, da história, e que sua visão a respeito da pessoa não é focada em suas falhas e sim, nos planos gloriosos que Ele tem para cada um de nós (JER 29:11).  Jesus tinha visão de futuro, já o depressivo só pensa no passado; ele pensa no que ele fez para os outros, ou no que os outros lhe fizeram e assim se paralisa como um disco arranhado, tocando repetitivamente o mesmo trecho da canção, no mesmo lugar.

Jesus não apenas vê possibilidades nas pessoas, mas quando lhe damos oportunidade, assim como Pedro, Ele nos leva a visualizar estas possibilidades, gerando fé e nos encorajando para a missão da vida, injetando vida em nós, e assim traz ao alcance de nossas mãos tais possibilidades. Ele nos remove do lugar de imprestabilidade e nos faz ver como somos amados e importantes para Ele, fazendo sentirmo-nos úteis e inseridos em seus planos a despeito do senso de indignidade que tenta nos exterminar. Isto muito se parece com a história do próprio Jesus, ao qual o profeta Isaías retrata tão bem no capítulo 53 de seu livro.

Ele foi desprezado, humilhado, não lhe deram crédito, não foi bem aceito, foi a pedra rejeitada pelos construtores e etc; esta era a opinião da esmagadora maioria, mas a opinião de Deus era: Este é o meu filho amado, nele tenho muito prazer. O poder esmagador da palavra de Deus esmaga e destrói completamente a opinião mesmo que de uma maioria esmagadora; a opinião divina sempre prevalece (JER 23: 29). Ele é a pedra angular, principal, o fundamento da construção e sem esta pedra toda e qualquer construção se desmorona (MT 21: 44).

Temos a tendência de buscar aprovação e aceitação o tempo todo. Mas a pedra de esquina, Jesus, sabia como Pedro se sentia. Muito embora fosse o próprio Pedro que se rejeitasse e não os outros; Jesus sabia o que o sentimento de rejeição poderia fazer a ele; pois Ele próprio foi o mais rejeitado e desacreditado dos homens, mas não se deixou paralisar, antes prosseguiu. “Prossigo para o alvo, esquecendo-me das coisas que atrás ficam...”

Então no final das contas, o que importa: sua opinião, a opinião  dos outros, ou a opinião de Deus?

Mas é preciso entendermos algumas coisas pontuais, para que não caiamos no extremo de banalizar a graça de Deus, adotando o estilo “vale tudo, Deus entende, Jesus já pagou o preço, vamu cair na farra que tá tudo perdoado mesmo, posso viver de qualquer jeito e etc”.

Primeiro: o amor de Deus não avaliza a vida de pecado, pelo contrário, a este, Deus aborrece, pois sabe de seu efeito destrutivo e mortal.

Segundo: A Graça de Deus não é banal. O preço pago por Jesus foi muito alto para ser desprezado. De Deus não se zomba, com Ele não se brinca; o que se planta se colhe. O amor de Deus deve ser tido como motivo de retribuição em amor e consideração a Ele e não de um pensamento de que Ele vai aceitar tudo, e no final das contas tudo terá um final feliz.

Terceiro: se a causa da depressão se deve a erros que se cometeu, tanto contra Deus ou contra pessoas, o caminho é: arrependimento, confissão e conserto, e ou, restituição. Reconhecer o erro é indicativo de humildade e desejo de prosseguir na caminhada. Não podemos banalizar o encorajamento divino e seu empenho em nos erguer das cinzas e da ruína, insistindo em erros, vivendo em orgulho, acreditando sermos merecedores de seu perdão, ou que Ele nos passará a mão na cabeça sempre que pecarmos.

Quarto: Agora - se a causa da depressão se deve a erros cometidos contra nós, o remédio é: perdão e recomeço. Há muitas pessoas que optaram por aceitar a “vida de morte” que lhe impuseram. Decidiram passar a vida colecionando ressentimentos, curtindo amarguras, negando o perdão ao ofensor, sem perceberem que eles mesmos é que são os maiores prejudicados com isto. A amargura, o ódio e a vingança são como um remédio que a pessoa toma, esperando que o outro morra (HB 12: 12-16).

Creio que a melhor receita para isto seja: não se deixe morrer, porque tentaram te matar; reaja em alto estilo: perdoe, assim como Deus fez em relação a nós (EF 4: 32). Não destrua seu futuro, porque tentaram destruir-te no passado.

O perdão libera vida, alegria, esperança; ao passo que a mágoa neutraliza, adoece, entristece e mata.

Ouço por exemplo sobre pessoas traídas que se vingaram; qual foi o resultado? Ruína, cadeia, angustia, fantasmas de culpa e condenação, depressão e até a morte. Abortaram o próprio futuro, se tornaram zumbis em pleno curso da vida. Como se sente um traidor, quando ciente da bobagem que fêz? Imagino eu: culpado, angustiado, vilão, malfeitor, idiota, indigno, ou alguém que arruinou a própria vida e pior ainda: de certo modo, arruinou com a vida do outro a quem dizia que amava. Frequentemente estes pensamentos visitam o ofensor.

Mas quanto ao traído, o sentimento deve ser de não procurar para si mesmo o sofrimento, a culpa e a dor que seu ofensor acabou encontrando, ainda que não quisesse, ou planejasse. Perdão entre outras coisas é questão de uma saudável auto-preservação e de inteligência. Diria mais: o traído, assim como Jesus o foi não apenas por Pedro, mas talvez até mesmo por mim e por você, deve estender a mão para que o outro possa se levantar assim como Jesus fez e ensinou, e isto significa amontoar brasas vivas sobre sua cabeça (ROM 12: 17-21). Isto pode ser a resposta para muitos casamentos e relacionamentos nos mais diversos níveis.

Foi isto que Jesus (O traído), fez com Pedro (o traidor) e creio piamente que Ele faria até mesmo com Judas se este se arrependesse e o procurasse. O traidor não precisa ter o destino de Judas e nem mesmo precisa de acusadores, pois este vive um conflito com a própria consciência acusadora, quase que diariamente, e precisa lutar contra isto arduamente, e isto não é tarefa fácil. Era assim que Pedro se sentia naquele momento, imagino.  

Mas o que traidor realmente arrependido precisa acima de tudo é se apossar do perdão e da graça de Deus, amando-o de todo coração, reconhecendo a grandeza de seu perdão e graça, e digo mais: deve voltar a sonhar e acreditar num futuro glorioso, pois este é o plano de Deus para ele. “Vá e não peques mais, para que não te suceda coisa pior...” Isto deve ser um lema para sua vida doravante. O arrependido foi tirado da morte para a vida e por isto, não desejará voltar à prática daquilo que lhe extermina; o pecado.

Há uma sentença de vida da parte de Deus para ele e este deve aborrecer a rota de morte que o pecado lhe quer impor, ainda que lhe seja custoso. Pedro abraçou esta verdade, aceitou a proposta de vida, ressurgiu da culpa e depressão, se agarrou a fé e pôs sua visão no Senhor, tirando-a de suas mazelas e erros do passado.

Hoje, eu pergunto: como seria a história da igreja sem o grande apóstolo Pedro? Qual é o Pedro do qual nos lembramos? Qual é o Pedro que a história nos conta e que nos vêm a mente? É o Pedro de JOÃO 21 ou o Pedro de Atos dos apóstolos, líder da primeira igreja?  Qual o primeiro nome registrado em ATOS 1: 13? Quem se levantou para falar aos discípulos como um líder em ATOS 1: 15? E os 3 mil convertidos na primeira pregação? E os cinco mil na segunda?

E quanto aos que consolou, exortou e edificou e apascentou? E a história que escreveu? E enfim, quem se lembra do Pedro fracassado, traidor, deprimido, culpado e derrotado depois de uma história como esta?  

Deus está falando com você nestas linhas, meu irmão e irmã!!! Levante-se, erga-se das cinzas em nome de Jesus e retome a rota de conquistas que o Senhor escreveu pra você. Inspire-se na história do filho pródigo, na história de Pedro e, sobretudo na história do varão de dores, desprezado, improvável e desacreditado, Jesus; simplesmente o mesmo que está assentado a direita de Deus e reina absoluto sobre tudo e sobre todos. O que tem em sua coxa escrito: Rei dos reis e Senhor dos senhores, leão da tribo de judá que venceu e o livro abrirá (AP 5: 5).

Este mesmo que recebeu o nome que é sobre todo nome e debaixo do qual, todo joelho se dobrará e toda língua confessará, que Ele é o Senhor, para glória de Deus pai (FIL 2: 5-11). Se em meio à depressão dizem que este é seu fim; faça disto o seu recomeço, agarre-se a palavra de Deus, levante o mastro, solte as velas e navegue confiante no Senhor dos ventos e dos mares.

 

Porque há esperança para a árvore, que, se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó, ao cheiro das águas brotará, e dará ramos como a planta.” JÓ 14: 7-9

 

Em Deus faremos proezas, pois ele calcará aos pés os nossos inimigos.” SL 108: 13

 

Cidade de Joelhos

Ctba 01/12/2012

8:00 às 13:42

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